Autora: Anne Frank
Editora: Editora Record
Páginas: 373
Nota: 5/5
"O trecho perfeitamente redondo onde estamos ainda é seguro, mas as nuvens se aproximam, e o circulo entre nós e o perigo que se aproxima está se apertando cada vez mais. Estamos rodeados por escuridão e perigo, e, em nossa busca desesperada por uma saída, vivemos nos chocando uns contra os outros. Olhamos as lutas lá embaixo e a paz e a beleza lá em cima. Enquanto isso, somos cortados pela massa de nuvens, de modo que não podemos subir nem descer. Ela paira diante de nós como uma parede impenetrável, tentando nos esmagar, mas ainda sem conseguir. Só posso choras e pedir: "Ah, círculo, círculo, abra e nos deixe sair!"
Resenha:
A Segunda Guerra Mundial é um fato histórico bastante presente em nossas vidas, ouvimos falar dela durante muitos anos nas aulas de história e também na mídia. Sabemos sobre as perseguições que aconteceram aos judeus e sobre a imensa quantidade de mortos tanto nos campos de concentração quanto nos campos de guerra. Mas mesmo sabendo todos esses fatos, muitas vezes, não conseguimos ter a dimensão do sofrimento e da angustia que era vivida na época.
No diário de Anne Frank temos o relato de uma menina que ganha um diário em seu aniversário de 13 anos. Nele escreve momentos comuns da sua vida como o dia-a-dia na escola, descrição de alguns amigos e familiares e também mudanças que aconteceram em sua vida após a chegada do partido nazista na Holanda. Logo no começo do diário já começamos a ver relatos de Anne sobre ela e a família se esconderem em algum lugar, antes que os nazistas comecem a levar os judeus da Holanda para os campos de trabalho forçado. Essa fuga que tem que ser rápida e bem planejada acontece quando sua irmã, Margot Frank, recebe uma notificação da SS.
A família Frank se muda para o Anexo Secreto, logo após a chegada da notificação e nesse momento que Anne Frank começa a relatar sua vida nesse esconderijo. No Anexo Secreto vivem oito pessoas: Anne seus pais e irmã o Sr. e Sra. Van Daan e seu filho Peter, por último chega o Sr. Albert Dussel.
“Espero poder contar tudo a você, como nunca pude contar a ninguém, e espero que você seja uma grande fonte de conforto e ajuda”
Anne relata sua vivencia dentro do anexo, brigas de casal entre a Sra. e o Sr. Van Daan, discussões por comida e outros itens da casa e também acontecimentos políticos, como a ida de vários judeus da Holanda para os campos de concentração e a criação das câmeras de gás.
Ao ler cada dia desse diário temos a descrição da angustia de todos os moradores do anexo, momentos por falta de comida e o medo de a qualquer momento o lugar ser invadido por soldados da SS. Temos também a esperança inabalável de Anne e todos os seus sonhos e desejos para quando puder sair desse esconderijo. São relatos fortes de uma menina que chega os 15 anos cheia de sonhos e desejos para quando crescer.
No começo do livro é muito fácil esquecer que ele é uma história verídica, pois a Anne descreve uma realidade que não temos ideia de como poderia ser, mas ao seguir a leitura temos relatos fortes de como era o seu dia-a-dia escondida, momentos de pânico que era preciso ficar sem se movimentar para que ninguém descobrisse que ela e a família estavam escondidos.
Ao ler o diário conseguimos ter um contado direto com os sentimentos de quem escrevia, é possível imaginar a pequena Anne sentada na única mesa de ser quarto ou no sótão escrevendo cada palavra como uma escapatória daquele mundo que ela estava vivendo.
A muito tempo eu queria ler esse livro e ao terminar de ler e sentar para escrever essa resenha me lembro de vários momentos que a Anne escrevia, o quando ficaria feliz de sair do anexo e que quando crescesse seria escritora e jornalista, do sonho de publicar seu diário e a dúvida se as pessoas se interessariam por ele e ao pensar em todos esses momentos fico grata e feliz por ter lido esse livro e ter podido mesmo de uma forma triste fazer parte desse sonho que ela tanto tinha esperança de realizar.